Acima de tudo, um colorado |
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Não estava sendo um dia fácil para Rivadávia Corrêa Meyer. O todo-poderoso presidente da CBD havia retornado à sua cidade natal, Porto Alegre, com uma missão: conseguir que a capital gaúcha sediasse a Copa do Mundo de 1950.
Era 17 de janeiro de 1950. Rivadávia já havia inspecionado, logo cedo, as praças esportivas da cidade que teriam condições de receber os jogos do torneio: a Colina Melancólica, que pertencia ao Cruzeiro Porto-alegrense, e o Eucaliptos, do Sport Club Internacional. O dirigente também conversara com o governador do estado, Valter Jobim, e fora à Assembléia Legislativa da cidade. Lá, sob aplausos dos deputados, pediu apoio para a reforma de um dos estádios da capital gaúcha. O complexo esportivo escolhido teria que se adequar às exigências da Fifa para receber jogos do Mundial. Agora, Rivadávia se preparava o encontro-chave de sua missão. Dirigiu-se ao prédio que hoje é conhecido como “prefeitura velha”, o Paço Municipal, onde estava o homem que poderia alavancar o projeto da Copa no município: o prefeito de Porto Alegre, Ildo Meneghetti. Isso porque Meneghetti, além de ser político, engenheiro e empresário de sucesso, era um aficionado por futebol. Esse traço de sua personalidade havia lhe conferido notoriedade na sociedade porto-alegrense. “Ele era, acima de tudo, um colorado doente”, resumiu o jornalista gaúcho Jorge Mendes, que acompanhou a trajetória do futebol local e viu o quanto Meneghetti foi decisivo para o crescimento do esporte, principalmente do Internacional. Em 1950, o futebol não contava com patrocinadores ou verbas de televisão. Não havia um interesse comercial, nem mesmo do governo federal, em financiar, por exemplo, uma Copa do Mundo. O futebol era feito de paixão, de pessoas que se dedicavam ao crescimento do esporte bretão. A ligação de Meneghetti com o futebol possibilitou à cidade a chance de se tornar uma das sedes do Mundial, pois receber os jogos do torneio só seria possível com o aval da prefeitura. A relação da capital gaúcha com o Mundial de 1950, porém, começou 19 anos antes da cidade ser escolhida para receber jogos da Copa. |
arvore de concreto
Tudo começou em 15 de março de 1931, antes mesmo da profissionalização do esporte no Brasil. Foi nessa data que Porto Alegre inaugurou o estádio dos Eucaliptos.
A abertura estava prevista para o dia 8 do mesmo mês, mas, devido ao mau tempo, acabou sendo adiada uma semana. Foram dois anos de construção do estádio que seria palco dos jogos Iugoslávia x México e Suíça x México na Copa de 1950. O estádio foi erguido com arquibancadas de madeira de um lado e de concreto do outro. Além de ser um sonho para o Inter, a praça esportiva era uma necessidade. Isso porque o terreno da Chácara dos Eucaliptos, conhecida pelas árvores de eucaliptos e por ser o primeiro campo onde o clube colorado desfilava seus craques, não pertencia ao Internacional, mas ao Asilo da Providência, que queria vender o terreno para um loteamento. Não foi o primeiro lugar onde o Internacional jogou. Antes disso, o time treinava e disputava suas partidas em campos amadores, ideais para um time que, na época, também não era profissional. O principal lugar em que o colorado jogou no começo de sua existência foi a Chácara, alugada pelo clube em 1912. Apesar de parecer estranha a ideia de conservar um time de futebol amador face às equipes modernas, tal concepção não era absurda no começo da década de 1920. O presidente do clube à época, Antenor Lemos, via o amadorismo como um benefício. Sob sua gestão o clube venceu o Campeonato de 1922, do Centenário do Brasil. Em 1927, essa história começa a mudar com a gestão de Oscar Borba, que passa a atrair jogadores famosos. Foi nesse cenário que Ildo Meneghetti, então, surgiu como grande figura em um momento decisivo para a história colorada. A situação do clube era caótica. Havia dívidas a serem pagas, como o aluguel da Chacará. “Qualquer vacilo poderia resultar na própria extinção do clube” como relata o autor do livro “O Giganta da Beira-Rio”, Carlos Lopes Santos, na página 97 de sua obra. Sem os 40 mil contos de réis necessários para a compra da Chácara dos Eucaliptos, a solução foi encontrar um novo local para o time. Entretanto, nem todos acreditavam ser possível contornar a escassez de dinheiro do Internacional. O antigo presidente, Antenor Lemos, era um dos incrédulos. Via a construção de um estádio próprio como um importante passo para a profissionalização do clube que amava. “Era um ferrenho defensor do football amador e das leis vigentes para a proteção desta situação”, relata Carlos Lopes Santos em seu outro livro sobre o Internacional “A Sombra dos Eucaliptos”. Ele convocou uma reunião onde sugeriu a extinção do time. “Antenor fez uma exposição da situação grave pela qual o Inter passava e propôs o encerramento das atividades, com a liquidação do clube”, relata Enio Meneghetti, neto de Ildo, em seu site. Ildo Meneghetti foi a voz discordante. Ele acreditava que o clube sairia do buraco e considerava precipitada a proposta do ex-presidente. Enio relata em seu site a seguinte conversa. “- Tu achas? – perguntou Antenor Lemos ao “menino” que ousava discordar. - É, eu acho, sim. - Então assume! – desafiou. Foi assim que Meneghetti assumiu a presidência do Inter. Era 1929 e Ildo tinha 33 anos de idade.” O novo dirigente tirou dinheiro do próprio bolso para resgatar o Internacional. Para saldar os aluguéis com a Chácara, por exemplo, a empresa de Ildo concordou em bancar a pavimentação das ruas, parte dos investimentos que seriam feitos no local. Com a preocupação de manter o clube no bairro Menino Deus (onde está até hoje), o Internacional encontrou um terreno ideal na rua Silveiro, que pertencia ao Banco Nacional do Comércio. A área foi adquirida por 220 contos de réis, ou 250 mil cruzeiros. A verba surgiu de uma ideia de Meneghetti: foram postas à venda 500 ações, ao preço de 500 mil réis cada (um total de 250 mil contos de réis), que foram comercializadas entre os sócios, podendo ser parceladas em até 20 vezes. Entretanto, o terreno não estava pronto para a prática de futebol, e o sonho dos colorados era mais do que simplesmente mudar a Chácara dos Eucaliptos de lugar. A ideia era criar um estádio. Para tanto, foi necessária a emissão de mais 500 ações, que pagaram a reforma do terreno e a construção do estádio. Os sócios adquiriam uma parte dos Eucaliptos, tendo inclusive direito a uma compensação monetária caso o clube fosse extinto e o estádio vendido. Mas não foi apenas essa a origem do dinheiro que ergueu a primeira casa própria do Internacional. “Na época, meu título custou 500 mil réis”, disse Nestor Brunelli. “Era muito dinheiro para a época, mas meu pai, Antônio Brunelli, era dono de uma pedreira e, se fosse pelo Inter, gastava. Ele era unha e carne com o Ildo Meneghetti, foi até padrinho de casamento dele.” Nestor possui até hoje a carteirinha número 55 de filiação ao Inter, título que o transformou em colorado e que também ajudou o clube a construir o estádio Eucaliptos. Ildo Meneghetti também conseguiu caminhões e máquinas para as obras da nova praça esportiva. Como ele havia sido um dos fundadores e diretores da empresa Dahne, Conceição & Cia, especializada em construções, foi fácil negociar doações para o clube. Dessa forma, o custo total do estádio foi de 470 mil contos de réis. O clube resolveu manter o nome Eucaliptos no novo complexo esportivo, assim como as árvores que, tanto quanto a camisa vermelha, também eram símbolo do Internacional. Para isso, foram plantadas mudas no entorno do novo estádio, como uma cortina. O Estádio dos Eucaliptos foi um passo decisivo para a profissionalização do futebol do Internacional. Na época em que surgiu, o estádio foi considerado um marco para o clube, que viu muitos times sumirem. “O futebol passava por um momento de evolução e muitos clubes fecharam suas portas”. O Eucaliptos deu ao clube força para conquistar títulos e representava um patrimônio que não seria perdido da noite para o dia. O projeto inicial, porém, ambicionava uma praça de esportes ainda mais completa, toda feita de concreto, o que elevaria os custos a mil contos de réis –motivo pelo qual ele foi posto de lado. Mas, em 1950, com a Copa do Mundo, os dirigentes do Inter e as autoridades políticas resolveram tirá-lo da gaveta. O tema foi debatido na reunião entre Rivadávia e Meneghetti, naquela tarde de 17 de janeiro, data em que o presidente da CBD fez as vistorias nos estádios da cidade. |
Inter e prefeitura constroem a Copa
O presidente da CBD havia dito antes mesmo de visitar a cidade em janeiro de 1950 que não deixaria Porto Alegre fora da Copa do Mundo. “É inadmissível que o futebol gaúcho fique de fora da Taça do Mundo. A CBD fará todo esforço possível para que isto não ocorra”, relatou Rivadávia ao jornal “Correio do Povo” do dia 12 de janeiro de 1950.
Na sala de Meneghetti, na prefeitura de Porto Alegre, Rivadávia Corrêa Meyer pediu o auxílio dos poderes municipais para reformar o Eucaliptos para o Mundial. As obras deveriam deixar o complexo de acordo com as exigências da Fifa para que a entidade, junto com a CDB, escolhesse a cidade para sediar o torneio. A entidade máxima do futebol exigia um mínimo de 35 mil lugares, campo com dimensão de 106m x 89m, alambrados e túneis para os vestiários. A falta de verba estadual prejudicou o planejamento das reformas no Eucaliptos. Foi cogitado inclusive que os dois estádios, a “Colina Melancólica”, do Cruzeiro, ou o palco colorado fossem utilizados. Mas, para tanto, era necessária verba do estado, que não veio. Apesar das promessas, a situação deficitária permitiu que o governo gaúcho desse apenas 300 mil cruzeiros à Federação Rio-Grandense de Futebol. O dinheiro ajudou nos gastos com a recepção e a hospedagem dos selecionados internacionais. A falta de recursos atrapalhou o planejamento das reformas, já que os gastos com as possíveis obras nos estádios estavam divididos entre prefeitura, de um lado, e governo estadual e clubes, de outro. Assim, o poder municipal se viu inclinado a reformar o Eucaliptos para a Copa, parte pela ajuda que viria do clube, parte na vontade de seu líder em ajudar o clube de coração. A prefeitura de Porto Alegre gastou 500 mil cruzeiros com a reforma do Eucaliptos. “E assim terá desfecho o caso do auxílio municipal ao estádio colorado, auxílio esse que não vai beneficiar o patrimônio de um clube, mas também o da própria cidade e em um dos aspectos em que as suas necessidades são mais clamorosas”, disse Ildo Meneghetti em um decreto assinado em 20 de maio de 1950. O trabalho para adequar o campo do Internacional às demandas da Fifa começou rapidamente, afinal, faltava menos de seis meses para o torneio. A ampliação do campo não era um problema para o Inter, pois faltavam apenas quatro metros de comprimento e 22 metros de largura para o estádio atingir as dimensões recomendadas pela entidade máxima do futebol. Os túneis, por sua vez, foram construídos sob a superfície, e a arquibancada de madeira da rua Silveiro foi totalmente substituída por um pavilhão de concreto com 80 metros de comprimento e 64 degraus de altura, o que aumentou a capacidade do estádio em mais 15 mil lugares. O Inter e alguns sócios, entre eles Antônio Brunelli, também investiram nas obras. Dessa vez, a família Brunelli ajudou o clube de forma mais efetiva. A pedreira do pai do sócio número 55 forneceu a brita para a reforma do Eucaliptos e, como a paixão pelo Internacional falava alto, o clube só pagou metade do preço. “A outra parte foi doada pelo meu pai”, lembra Nestor Brunelli. As reformas tornaram o estádio apto a receber jogos da Copa. Com a aprovação do Eucaliptos pela CBD, a entidade fechou um acordo com a prefeitura de Porto Alegre oficializando a participação da cidade no Mundial. O ajuste previa a realização de três jogos na capital gaúcha, que deveriam proporcionar um retorno do investimento nas obras. Entretanto, apenas dois jogos acabaram sendo realizados na cidade. Deveria ter acontecido a partida entre Uruguai e França, mas a equipe europeia desistiu, já que não concordou com a tabela que a forçava a jogar dia 25 no frio do Rio Grande do Sul e ter de deslocar-se 3,5 mil quilômetros para enfrentar a Bolívia quatro dias depois, no Recife. O uso do dinheiro público na reforma do estádio foi justificado, pela prefeitura, com o fato de que a Copa do Mundo seria uma chance de divulgar a cidade internacionalmente. Mas na visão de um dos mais fanáticos e famosos torcedores colorados, Luis Fernando Veríssimo, que tinha 14 anos na época da Copa, não foi bem isso o que aconteceu. “Acabou não mudando muita coisa em termos de visibilidade para Porto Alegre, mesmo porque os times não foram de grande destaque. Apesar disso, a competição teve um bom público”, contou Veríssimo. Já o jornalista Jorge Mendes, que cobriu o Mundial em Porto Alegre, tem uma visão diferente. “O Eucaliptos e o Mundial foram cartões de visita para o futebol gaúcho, que se tornou mais reconhecido em outros lugares após o torneio”, disse. O Eucaliptos foi reinaugurado em 20 de junho de 1950, apenas oito dias antes de sua estreia na Copa do Mundo. Um tradicional Gre-Nal foi o espetáculo de abertura. Não era o ideal, mas foi o suficiente para os padrões da Taça do Mundo naquele tempo. “Foi um estádio incompleto, a arquibancada terminava de repente e podíamos cair”, contou Veríssimo. Além de receber ajuda da prefeitura, o Internacional receberia um porcentual sobre as receitas dos jogos da Copa. Seus associados pagariam 25 cruzeiros para frequentar as sociais do clube e seus familiares entrariam por 15 cruzeiros. Com os sócios pagando entrada no torneio, o colorado receberia 5% da renda bruta da bilheteria. A expectativa para a Copa do Mundo era grande. A cobertura da imprensa em Porto Alegre foi extensa, com destaque para o “Correio do Povo” e a “Gazeta do Povo”, jornais que fizeram um amplo acompanhamento de toda a preparação para o Mundial, e não apenas de Porto Alegre (que teve sua participação definida apenas seis meses antes do torneio), mas também das obras em outras cidades. A principal via de escoamento do estádio, a avenida Praia de Belas, foi reformada pelo prefeito visando facilitar o tráfego. Com a expectativa de um grande público, a Diretoria Estadual de Trânsito fez todo um planejamento para a estreia. Os veículos nas ruas Silveiro, Internacional e Barão do Serro Largo escoaram pela rua Miguel Couto. Os veículos nas demais ruas foram direcionados à avenida Getúlio Vargas. O tráfego pela rua José de Alencar, desde a avenida Praia de Belas até a rua Dr. Oscar Bittencourt, foi fechado aos veículos de transporte coletivo. A rua Barbedo foi modificada, ficando mão única em direção à avenida Praia de Belas. Entretanto, durante a Copa, os 15 mil novos lugares do estádio não puderam ter sua capacidade testada em uma partida oficial, já que, apesar do apoio que recebeu, não teve lotação máxima. A partida entre Iugoslávia e México, terminada com vitória dos europeus por 4x1 (gols de Bobek, Zeljko Cajkovski duas vezes, e Tomavic para os iugoslavos; Ortiz para os mexicanos) teve apenas 11 mil pagantes. Suíça 2x1 México (Bader e Tamini para os suíços; Casarin para os mexicanos) contou com um público ainda menor, 3,5 mil pagantes, tendo entrado para a história mais pelo fato de o México ter jogado com a camisa listrada azul e branca do Cruzeiro de Porto Alegre (já que o árbitro Ivan Eklind da Suécia não permitiu que as duas seleções jogassem com camisas que, segundo ele, eram muito semelhantes). “A imagem que mais me marcou naquele Mundial foi um soco que o goleiro iugoslavo deu em um atacante mexicano após repor a bola que ele havia defendido. Isso me ficou registrado inclusive porque tínhamos aquela ideia de que jogador europeu era um cara mais civilizado”, contou Luis Fernando Veríssimo. “O que me recorda muito foi que os iugoslavos aqueciam na beira do gramado antes dos jogos, era uma coisa que eu nunca tinha visto”, lembrou Jorge Mendes. A cobertura da Copa também não foi completa. Mesmo com os jornais tendo trabalhado com destaque, o principal meio de acompanhar os jogos, o rádio, teve uma participação modesta no Mundial, bem distante da ampla cobertura feita nas edições mais modernas do torneio. “Ficávamos pouco tempo no ar fora dos horários dos jogos e dávamos apenas as escalações”, afirmou o jornalista Jorge Mendes. |
Da prefeitura para a Rua Silveiro
A ligação de Meneghetti com o futebol porto-alegrense e principalmente sua relação com o Inter fez com que o nome do prefeito fosse imortalizado na vida dos colorados. O estádio dos Eucaliptos passou a se chamar Ildo Meneghetti, em homenagem ao homem responsável pela construção e reforma da praça de esportes.
O Eucaliptos permaneceu como grande palco do futebol gaúcho até a inauguração do estádio Olímpico, em 1954. Mas o Internacional não esperou muito tempo para buscar um novo palco para superar o rival. Em 1956, apenas seis anos após o auge do Eucaliptos, surgiu na Câmara de Vereadores de Porto Alegre um projeto para que fosse doado um o terreno nas margens do lago Guaíba para a construção de um novo estádio, o Beira-Rio. A última partida disputada no Eucaliptos foi em março de 1969, contra o Rio Grande, vencida pelo Internacional por 4 a 1. Depois disso, o campo passou a ser local de treinamento para os juniores do clube. Posteriormente, o gramado que recebeu a Copa de 1950 foi alugado para uma empresa particular de lazer. Lá, foram construídas quadras e churrasqueiras. Em 2010, o estádio foi vendido para uma construtora, como parte do projeto do clube para conseguir o dinheiro necessário para reformar o Beira-Rio. Os últimos dias do Eucaliptos são acompanhados de perto pelos moradores do bairro Menino Deus, que veem o glorioso estádio, agora em ruínas, virar mais um projeto imobiliário em uma cidade em expansão. A arquibancada construída em 1950 para a Copa do Mundo foi interditada por conta do risco de desabamento provocado por infiltrações. Do outro lado, o antigo espaço dos vestiários por onde tantos craques passaram e a parte da área social do clube viraram um terreno fantasma. Com um pouco de sorte, ainda é possível visitar as salas de dança, saunas, vestiários e até mesmo as cabines de imprensa, onde hoje restam apenas os fantasmas de uma época na qual o futebol não era feito de dinheiro. |